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Por Patricia Scott

O autismo precisa ser mais debatido na igreja? Por quê?

Não só na igreja, mas na sociedade como um todo. Ainda há pouquíssimas comunidades com a presença de pessoas autistas participando na vida da igreja. A ausência de pessoas autistas não contribui para o debate/reflexão de como podemos adequar o ambiente, os momentos de culto, a Escola Dominical, outras atividades da igreja para acolher todas as pessoas presentes, inclusive autistas. Por isso, o debate é importante, e o acolhimento dessas pessoas é fundamental.

De um modo geral, as igrejas estão preparadas para receber essas pessoas? Por quê?

Na minha visão, não. As famílias não se sentem confortáveis e acolhidas, e a igreja ainda tem muitas dificuldades para acolher. A igreja entende que é importante essa integração, mas por falta de conhecimento e formação da liderança, professores da comunidade como um todo, acaba apresentando muitas dificuldades para criar um ambiente acolhedor e um espaço organizado para receber pessoas autistas, principalmente as crianças.

Como deve ser o acolhimento do autista na igreja?

É importante que, primeiro, a igreja se prepare para receber a pessoa autista a partir da formação de uma rede de apoio, composta pelos professores da Escola Dominical, familiares, profissionais da saúde, da educação e outras áreas afins, voluntários que possam contribuir com esse processo de acolhimento ao autista e sua família. A criação e consolidação do ministério de inclusão na igreja são fundamentais para a efetivação de ações específicas de acolhimento e inclusão e de formação da comunidade de fé. O diálogo e parceria com a família do autista é um dos primeiros passos deste acolhimento. É importante saber como e o que pode ser feito para que o acolhimento aconteça nos espaços da igreja. A presença da pessoa autista na comunidade exige algumas adaptações nos espaços e ambiente da igreja, por exemplo, adequação do volume dos microfones, instrumentos, já que o ambiente visual e sonoro muito poluído pode desestabilizar o autista.

Como a igreja pode combater o preconceito com relação ao autismo?

Debatendo esse tema, buscando capacitação, chamando e acolhendo as famílias com pessoas autistas para fazer parte da comunidade, pois a presença da pessoa autista na vida da comunidade de fé ajuda a despertar nosso olhar para as demandas específicas que esse relacionamento pede. Lembramos que qualquer tipo de preconceito se combate, desmistificando os pré-conceitos e estereótipos que, ao longo do tempo, vamos formulando em relação a um determinado tema. No caso do autismo, ainda temos muito preconceito porque pouco nos relacionamos com essas pessoas e familiares; não conhecemos, de fato, as necessidades, habilidades, potencialidades do autista e ficamos apenas com informações do “senso comum”, com as dificuldades, com as inseguranças que temos diante do desconhecido, do que se apresenta como diferente para nós. Tudo isso atrapalha o crescimento da igreja em relação às inúmeras possibilidades que essa inclusão oferece.

COMUNICAÇÃO CEADES

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